BILL RODGERS ACABOU NO COPA

Era o ano de 1982 e eu estava lá. Era a minha terceira maratona, se não me falha a memória. Uma tarde quente e úmida. Um pouco atípica, diria, para o inverno carioca. O sol brilhava forte ainda quando o momento da largada se aproximava. Os seis mil maratonistas - aproximadamente - aglomeravam-se no Leme com grande expectativa. Afinal, a tarde prometia ser histórica com a presença da grande estrela da época, Bill Rodgers ( 0 vencedor da edição anterior) e a estrela em ascensão, o português Delfim Moreira.
Bill Rodgers é uma lenda das maratonas. Vencedor da Maratona de Boston e Nova York por quatro vezes cada uma, venceu várias outras ao redor do mundo, como a Maratona de Melbourne, Amsterdam, Houston, Rio de Janeiro....
Mas naquele domingo de agosto de 1982, não respeitando o calor sub-saariano, larga extremamente forte. E na sua perseguição, mais comedido, vem o excelente corredor Delfim Moreira, repetindo a estratégia do ano anterior.
Quando de volta a Copacabana, depois de ter corrido pela Urca, Aterro e centro da cidade, Bill Rodgers já vencido pelo cansaço e o calor, ultrapassado por Delfim, em frente ao Copacabana Palace , saiu da maratona e foi direto ao chuveiro(ou provavelmente banheira).
Em entrevista ele lamentou profundamente ter desistido de uma maratona "aqui no Rio pela primeira vez". A verdade é que ele comentou com José Inácio Werneck, editor de esportes do JB e diretor da Maratona Atlântica-Boa Vista, que muitos km antes só pensava em voltar ao Copa para uma banheira de água gelada. Era o comentário frequente do dia seguinte, ofuscando injustamente a grande vitória do atleta português.
Mas naquele domingo de agosto de 1982, não respeitando o calor sub-saariano, larga extremamente forte. E na sua perseguição, mais comedido, vem o excelente corredor Delfim Moreira, repetindo a estratégia do ano anterior.
Quando de volta a Copacabana, depois de ter corrido pela Urca, Aterro e centro da cidade, Bill Rodgers já vencido pelo cansaço e o calor, ultrapassado por Delfim, em frente ao Copacabana Palace , saiu da maratona e foi direto ao chuveiro(ou provavelmente banheira).
Em entrevista ele lamentou profundamente ter desistido de uma maratona "aqui no Rio pela primeira vez". A verdade é que ele comentou com José Inácio Werneck, editor de esportes do JB e diretor da Maratona Atlântica-Boa Vista, que muitos km antes só pensava em voltar ao Copa para uma banheira de água gelada. Era o comentário frequente do dia seguinte, ofuscando injustamente a grande vitória do atleta português.
Muitos anos depois, em 2009 quando corri a Maratona de Boston, senti uma grande emoção ao reconhecer Bill Rodgers. Veio-me as lembranças daquela maratona do Rio. Corri com prazer algumas centenas de metros ao lado dele. Por alguns minutos tive a esperança de que ele levantasse o olhar e pudéssemos iniciar um breve diálogo. Mas ele continuou com suas passadas elegantes, silencioso, concentrado, impertubável, como um rei que nunca perde a sua majestade. Assim, voltei ao meu pace normal e o vi desaparecer na multidão.
Eu soube no dia seguinte através dos jornais de Boston que ele terminou em 4:06:26, depois de passar por uma cirurgia de câncer na próstata e um longo período sem correr maratonas.

Correr maratonas então é isso. Fazer parte da história. Partilhar o mesmo terreno, os mesmos percursos, as mesmas alegrias e glórias, os mesmos sofrimentos, lado a lado, dos seus ídolos. E não ser apenas um reles espectador....