O JUDAS DE OZ
Lançando mão de uma história comovente, a relação de um estudante desiludido, cuja família entrou em decadência, e um velho conturbado, genioso, ranzinza, mas misteriosamente otimista, esta obra mescla o velho e o novo, consternação e piedade de um povo em eterno conflito.
Na verdade, Amós Oz, considerado o maior romancista israelense contemporâneo e que morreu há pouco menos de um mês, deseja relatar o desespero entre o “povo árabe e seus irmãos israelenses.” através de diálogos consistentes entre o jovem Shmuel, desistente da Univerisdade Hebraica, onde desenvolvia uma tese de pós-graduação, “Jesus na visão dos Judeus”, e o velho que expõe as suas reminiscências de uma vida longa para confirmar a necessidade de uma paz negociada entre os povos ancestrais e irmãos.
Ao mesmo tempo o romance resgata a vida de Judas Iscariotes - provavelmente Oz aqui baseou-se nos escritos apócrifos - , desmitificando-o como o tradicional traidor. Judas é então tratado como um discípulo judeu bom, pacificador, inteligente e que exercia grande influência sobre Jesus. E Judas Iscariotes, que fora enviado pelos sacerdotes para revelar-lhes o verdadeiro poder do enviado de Deus, que pregava nos mais recônditos vilarejos da Galileia, acabou absorvido pela pregação e milagres de Cristo, tornando-se um dos seus seguidores mais fiéis. É isto que nos conta Amós Oz neste romance extraordinário.
O romance a todo instante, numa constante metáfora, evoca a necessidade da paz entre os homens. Afinal, Jesus trouxe a boa-nova, o perdão, o amor, a paz. Sem a evocação do Apocalipse como punição à diversidade. Rompeu com a tradição sanguinária do velho, do antigo - numa referência moderna, expulsou a violência inimaginável da distopia de Gilead !! - E não a vingança, o ódio, o desejo de morte e derramamento de sangue entre irmãos. Porque mesmo diante da figueira, mesmo ao enfrentar os vendilhões do Templo, a sua mensagem era de paz, de amor e desejo de uma sociedade em harmonia e fraternidade. Diante de Jesus, de sua pregação pelos vales da Terra Santa, certamente aqueles que pregam a discórdia, o enfrentamento e a vingança receberia a redenção.
É a temática desta obra-prima !
Sem esperança, o jovem Shmuel faz suas caminhadas noturnas pelas ruas de Jerusalém, como um errante em busca do destino final. Em suas elucubrações busca um sentido para si aqui na Terra. Reflete sobre a traição que o pai sofrera do sócio na Empresa, levando a derrocada financeira de toda a família. Mas parece que, como numa epifania, assim que o romance caminha para o final, alguma luz de esperança surge em seus pensamentos: a paz, o amor entre os seres humanos aqui na Terra.
E numa noite destas, ele para diante de uma figueira e colhe "um ou dois frutos precocemente amadurecidos....porque nenhuma figueira frutifica antes da primavera". Na rua seguinte, caótica e "cheia de destroços, numa janela do segundo andar apareceu uma mulher jovem e bonita, num colorido vestido de verão." Uma mulher agradável e que, provavelmente, o faz lembrar da tristeza e decepção que sentiu naquele dia não tão distante em que Iardena, a jovem namorada o abandonou para sempre.
Naquela rua escura e deserta, mesmo sem saber aonde ir, a esperança de dias melhores parece ter brotado dentro do jovem Shmuel...
É a temática desta obra-prima !
Sem esperança, o jovem Shmuel faz suas caminhadas noturnas pelas ruas de Jerusalém, como um errante em busca do destino final. Em suas elucubrações busca um sentido para si aqui na Terra. Reflete sobre a traição que o pai sofrera do sócio na Empresa, levando a derrocada financeira de toda a família. Mas parece que, como numa epifania, assim que o romance caminha para o final, alguma luz de esperança surge em seus pensamentos: a paz, o amor entre os seres humanos aqui na Terra.
E numa noite destas, ele para diante de uma figueira e colhe "um ou dois frutos precocemente amadurecidos....porque nenhuma figueira frutifica antes da primavera". Na rua seguinte, caótica e "cheia de destroços, numa janela do segundo andar apareceu uma mulher jovem e bonita, num colorido vestido de verão." Uma mulher agradável e que, provavelmente, o faz lembrar da tristeza e decepção que sentiu naquele dia não tão distante em que Iardena, a jovem namorada o abandonou para sempre.
Naquela rua escura e deserta, mesmo sem saber aonde ir, a esperança de dias melhores parece ter brotado dentro do jovem Shmuel...