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terça-feira, 5 de novembro de 2019

     
       
     
Poderia ser reconhecido como um dos grandes escritores russos. Mas Iuri Oliécha, foi impositivamente expurgado, banido e esquecido pela "inteligentzia", pelo meio literário russos, principalmente pela sua opção ao individualismo e crítica contumaz ao coletivismo. Nesta curta novela, impregnada de fascinantes metáforas, o personagem central Kavaliérov, alter ego do escritor, um intelectual em desgraça, cheio de descrença e amargura ao mundo que o rodeia, descreve-o com desdém . E sobrecarregado de inveja deste mesmo mundo que ele tanto despreza e muitas vezes observa-o com indiferença, Kavaliérov esforça-se em " romper com tudo o que existira antes...(....), e aquela vida repelente, monstruosa, que não era dele, uma vida alheia, imposta, ficaria para trás... " Com tradução magistral e pósfácio de Boris Schnaiderman, bom que se diga, é uma novela leve, ágil, com enorme fluidez proporcionada pelo tradutor. Mas o que encanta aqui é a estilística literária, que provavelmente deixara atônitos os literatas do início do século XX. Também pudera!! Com metáforas como "O coração pula como um ovo em água fervente", é impossível não se inebriar por esta história. É só deitar no divã e abrir a primeira página. Encontrará as reminiscências de um homem que concorda com seu amigo Ivan: "Penso que a indiferença é a condição melhor da mente humana."

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