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domingo, 29 de janeiro de 2012

A PRIMEIRA MARATONA

A PRIMEIRA  MARATONA


       O dia finalmente chegou !! E a noite toda fora passada em vigília. A ansiedade extrema provoca um derrame catastrófico de adrenalina no corpo. Os detalhes mínimos do kit, como chip, alimentação, meias, vaselina, revisados várias vezes nos momentos pré-maratona. E o tempo que passa rápido. E o medo...o medo de não chegar ao final da maratona martela insistentemente a mente. "Mas não tem problema, posso voltar andando, de táxi...qualquer coisa"-é o pensamento reconfortante.

                             E surgem os pensamentos em flashback de como tudo começou.

       Já vinha pensando em fazer uma maratona há algum tempo. Primeiro, correu uma corridinha de 5km e terminou fácil, fácil e feliz. E contente por ter perdido alguns kilos. No mesmo dia, já pensou e perguntou aos colegas e técnico de quando seria a próxima de 10 km.
       Treinou, treinou e pouco tempo depois já estava na linha de largada.  Agora, um pouco mais ansioso/a. Novamente, terminou fácil, fácil e muito feliz, pois a mudança no corpo já se manifestava a olho nu. E olhares de admiração de colegas."Ah, você melhorou muito".
        Com a autoestima nas nuvens, agora quer alçar voos mais altos, muito mais altos...E pensa alegre e insistentemente na meia-maratona. Um sonho. E implora que o técnico passe urgentemente o novo treino. Ou pergunta a colegas os detalhes do treino.
         Ouve dizer que a meia-maratona não é tão fácil assim .Aí surge a construção do medo. O medo de não terminar a prova. Mas você treina com mais com afinco. Faz os longos, vai até o km 18, que antes pensava ser uma quimera. 
E agora bem mais magro/a, não ouve mais elogios rasgados. Segue o seu sonho estoicamente mesmo assim. Sente-se protagonista.

         Ouve dizer que qualitativamente a meia-maratona tem o mesmo valor da maratona.( Descobre que é verdade justamente agora na primeira maratona: as mesmas emoções, a ansiedade e o medo..o medo). Então, parte para a meia-maratona com cautela.
          Novamente, está alí no meio dos corredores da meia esfregando as mãos. Os dardos são jogados ! E você vai em frente, sem parcimônia. Chega à linha de chegada extasiado/a, cansado/a e imensamente feliz. Ouve cumprimentos emocionados. Chora por dentro ou por fora, não importa.
          O day after agora é de dúvida. Por alguns dias a dúvida se torna atroz (será que sou capaz de uma maratona?). Depois, lentamente a dúvida vai se esvaindo. Pensa altivamente em fazer uma maratona portanto. Em ser maratonista, entrar no rol.
           E inicia os treinos. Faz os treinos diários, sofre, sente dores, emagrace muito.  Cumpre toda a planilha.
         O dia finalmente chegou!! Você é maratonista !! Mostra aos céus a medalha, as fotos, o resultado final.
          A próxima já está marcada no calendário.
           

         .
                     ooo  O  


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

UM CORPO QUE CAI



UM CORPO QUE CAI....


                 .....e imerge num inexorável processo de decadência, Ele começa a perder o viço, a força muscular, a agilidade a cada ano, depois dos trinta, em pelo menos um por cento. É fato balzaquiano. À Hebe, deusa da juventude, implora-se insistentemente nas academias, nas clinicas de rejuvenescimento, nas salas de cirurgia, mas ele continua assim mesmo o seu caminho natural e  infatigável em direção à degeneração.
                      Mas há como mitigar isto, afinal.
               Para isso, o nosso corpo precisa ser bem tratado desde a tenra idade. E continuar ao longo de toda existência. O lema mens sana in corpore sano aqui se emprega muito bem. É preciso um conjunto de atitudes saudáveis ao longo da vida. A boa alimentação coordenada com  exercícios físicos diários. Menos egoismo e mais solidariedade. E saber manipular e conter a inveja. Reduzir o estresse o quanto for possível !!. O corpo vai agradecer e viajará de certa maneira mais suavemente ao desfecho final.

              O espelho da vida nos mostra isto: envelhecer é um sentimento abstrato poderoso; certamente estamos sempre envolvidos com o medo e o regozijo  do envelhecer concomitantemente. O tempo está sempre ali pari passu determinando o esfacelamento do espelho.


                      Mas vamos falar das  consequências de ser maratonista, dos danos causados ao corpo humano. Há o conceito quase generalizado que correr envelhece precocemente. É uma mea verdade. Claro, se levar-se em conta um corpo de um atleta de elite, qualquer que seja o esporte, submetido a uma carga avassaladora de treinos, o desgaste do corpo também acompanhará este esforço. O radicais livres também se multiplicarão, não dando chance ao corpo a uma recuperação adequada. O envelhecimento precoce.
                     Quem corre com amor (amador) pela corrida, e não como um fator de sobrevivência, sem essa competitividade insana com os colegas, sente que um bem-estar do corpo é inigualável. Tudo fica mais fácil. Os movimentos, o vício dos hormônios naturais, estimulantes...eufóricos, a leveza, tudo leva a afirmar que o corpo envelhece bem, naturalmente, lentamente.
                      Vamos envelhecer sem olhar para a decadência. Vamos aproveitar o tempo a todo instante. Há tempo para treinar, trabalhar, ler e divertir. Vamos cuidar do nosso corpo e ele nunca nos trairá, acredito. Vamos, finalmente, esquecer o "meu tempo é curto e o tempo dela sobra".
                       Para um corpo ágil, são e sem fadiga, a mente ordena o tempo...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DUSTIN HOFFMAN, o maratonista

                                                                                                                                                
Domingo,  8 de Janeiro 2012                                                                                                                                                                                                     


                        DUSTIN HOFFMAN, O MARATONISTA.




 

                              

 O filme inicia-se com várias histórias ao mesmo tempo. Mas aos poucos elas vão se encaixando. Há a corrida de Babe, o maratonista, em volta do Reservoir no Central Park, o grande lago (me lembra com saudades os treinos que fazia ali nos dois anos em que vivi em Nova YORK). Há a discussão dos dois velhos no trânsito caótico de Manhattan, a explosão do carro-tanque...    






 Mas a trama principal gira em torno de Babe - Dustin Hoffman -, um estudante de pós-graduação tentando provar a inocência do pai. Ao mesmo tempo descobre o envolvimento do irmão em roubos de diamantes. Falso ou verdadeiro, ele acaba sendo perseguido pelo nazista, dentista e torturador Christian Schzell -interpretado pelo fenomenal ator shakespeariano Laurence Olivier -. A sessão de tortura na cadeira de dentista é antológica. Olivier repete várias vezes a frase "is it safe?" num decrescendum aterrorizante. E Babe, o maratonista, parece suportar a dor com maestria. Ou, talvez, porque não há muito a revelar.









 Babe é um maratonista. E todo maratonista tem um limiar de dor diferenciado, dizem. A convivência diária com os treinos longos, estafantes, doloridos estimulam de certa maneira uma insensibilidade relativa à dor. É claro que o limiar de dor varia muito com relação à idade, fatores emocionais, raça, sexo etc. No entanto, os maratonistas aprendem a manipular e, às vezes, eliminá-la. Evidente que através de um processo de secreção hormonal proporcionado pelo cérebro defronte do estimulo, do perigo. Is it safe? - pergunta insistentemente Laurence Olivier. Perigoso, talvez - diz alarmado Babe, o maratonista.





 Postado por neycayres às 06:27 0
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

LER PARA CORRER

                                                       

                                                   





Livros sobre corrida e corredores surgem aos borbotões nos últimos tempos, acompanhando a explosão de provas e, consequentemente, o número de corredores. A maioria tem o seu valor. Alguns, porém, carecem do mínimo para serem levados a serio.

Dentre os bons livros, há os técnicos que são na maioria das vezes de grande valia para os corredores que necessitam de orientações nas mais diversas fases do treinamento; assim como são úteis também aos técnicos de corrida. Muitas vezes servindo como reciclagem num mundo constantemente carregado de inovações.

Assim, separei esses livros abaixo para tecer alguns comentários simples e, talvez, úteis ao corredor-leitor que porventura acesse este blog.





Neste livro (Nascido para Correr, editora Globo, 2010) o jornalista da revista Men's Health Christopher McDouglas relata sua experiência de corredor descalço ao abandonar o tênis tradicional. Ao mesmo tempo, ele vai em busca nas montanhas do México dos índios Tarahumaras, conhecidos como os grandes corredores descalços de longuíssima distância.

À medida que o autor vai descrevendo histórias fantásticas, quase inverossímeis, mescla com conceitos de biomecânica do corredor, dos engodos criados pelos grandes fabricantes de tênis, da inutilidade de se usar tênis com amortecedores altos. E da ausência de lesões ao passar a correr descalço.

Enfim, um bom livro para se ler. Eu, particularmente como corredor de longa distância e longuíssimo tempo no - diria assim - mercado, tenho algumas restrições em correr totalmente descalço. Mesmo porque sempre corri de tênis toda a minha vida. Tenho um histórico baixíssimo de lesões. E acho que tomaria-me muito tempo para novas adaptações. No entanto, considero também que é inócuo o uso de tênis sofisticado e pleno de inovações tecnológicas para se tornar um bom corredor.









A "Bíblia" dos corredores!! É assim pelo menos que vejo este livro. É um livro tanto para iniciantes como para aqueles já "cansado velho de guerra". Repleto de teorias cientificas em suas 900 páginas - algumas evidentemente já ultrapassadas - proporciona um escopo de conhecimento vastíssimo. Ou seja, se o leitor for um maratonista, por exemplo, ele obterá conhecimentos da fisiologia do movimento, das reações do corpo ocasionadas pelo excessivo desgaste infligido por uma maratona.

Um bom técnico, um bom ultramaratonista, um velocista...deverá carregá-lo dentro da sacola.





Bem antes deste livro (Do que eu falo quando eu falo de corrida, editora Objetiva, 2010) ser lançado, eu já era leitor e admirador de Murakami. E eis que surge esse belíssimo livro falando de corridas, maratonas e afins. Murakami conta a sua vida de maratonista. E como ser maratonista o levou a uma necessária disciplina inerente a todo escritor de grande produção - e grande qualidade, como é o caso dele -. Vale a pena conhecer o outro lado da vida deste grande escritor e maratonista japonês. Na orelha do livro há uma citação do Sports Illustrated que dimensiona bem o valor deste livro: " uma brilhante reflexão sobre como a corrida e a escrita nutrem e ajudam uma à outra".





Embora o autor deste livro (Correr, Jean Echenoz, editora Alfaguaya, 2009) declare não ser uma biografia, a vida de Emil Zatopek, a locomotiva humana, é relatada de maneira eletrizante, cativante como num romance que lemos sem parar. A vida de Emil Zatopek foi tão fantástica que parece mesmo ficção.

Assombrou o mundo dos esportes em 1952 nas Olimpíadas de Helsinque, ganhando três medalhas de ouro nos 5000 metros, 10000 metros e na maratona.

Claro, ele obteve êxito em inúmeras outras provas. Foi reverenciado no mundo inteiro. Mas em contrapartida foi de certa maneira alijado em seu próprio pais, Checoslováquia, quando da Primavera de Praga.

A verdade é que atletas magníficos como Zatopek jamais serão esquecidos, queiram ou não partidos políticos ou regimes dita






Correr cinqüenta maratonas em cinqüenta dias seguidos. Bem, mesmo os maratonistas mais antigos que já ouviram muitas histórias, ficariam estupefatos com tanta insanidade. O que eu não considero tão insano assim. Mas é o que realizou e conta com detalhes neste livro Dean Karnazes.

É um livro motivacional também, pois Dean Karnazes bate nesta tecla o tempo inteiro, mostrando aos jovens, aos adultos a importância de exercícios físicos. Principalmente nos EUA, um país hoje envolvido numa epidemia de obesidade.

Depois que este livro foi transformado em DVD, sempre o assisto quando pretendo fazer um treino longo em esteira.

É uma história marcante contada por este tipo herói que traça indelevelmente o mundo dos corredores de longa distância.



Relato de maratonas é sempre adorável. Mas Rodolfo Lucena vai além disso. Ele dá dicas importantes de várias maratonas em que correu com maestria e prazer, sem se preocupar muito com o cronômetro, o que eu estimo muito.

Além de ser jornalista da Folha de S. Paulo, Lucena ainda mantém um blog com informações atualizadas -que sigo infalivelmente - sobre o mundo da corrida. Também escreve na O2 (ou na Runner's World?) e, last but not least, treina muito. É que já ia esquecendo: para escrever sobre maratonas e correr também é preciso treinar...

E ele encontra tempo para tudo isso.





Nota - o intuito destas breves descrições dos livros acima foi senão mostrar a existência deles àqueles que não os conheciam.



domingo, 1 de janeiro de 2012

REFLEXÕES SOBRE OS TREINOS DE 2012



Todo início de ano milhões de pessoas no planeta pensam em modificar de vida. Muitas pensam em dar um giro de 360 graus em suas vidas monótonas, chatas, estafantes. Outras apenas um suave movimento em direção a algo um pouco diferente.
Após alguns dias de descanso (dizem que descanso também é treino), e alguns quilos a mais, volto a pensar em meu treino para 2012. Algumas modificações já estão bem estabelecidas, depois de avaliações contundentes sobre, por exemplo, a maneira de fazer os treinos de velocidades. E também os de resistências.
Pretendo voltar ao fartlek. É um treino de velocidade eficiente, menos cansativo, mais prazeroso e menos propenso a lesões. Para quem não sabe, é um intervalado dentro de um treino de rua (geralmente) com 3 minutos de freqüência máxima e 2 minutos bem mais lento, confortavelmente. Faz-se isto até atingir os Km programados. Claro, há adaptações individuais.
Pretendo também incorporar ao menos três vezes por semana o treino de ladeiras. Eu sempre achei essencial este tipo treino. Invariavelmente nos dá uma certa confiança e estabilidade ao enfrentarmos maratonas com variações de altitudes.
Pretendo, neste ano que se inicia, igualmente programar maratonas menos urbanas. Ou seja, no que for possível, maratonas em trilhas, mais bucólicas, próximas à natureza.
São mudanças simples, mas que me enchem os olhos de esperança em continuar para sempre a correr maratonas e atingir no futuro a minha centésima maratona.

P.S. - este blog que, finalmente ! inicio hoje, tentarei escrever modestamente não apenas sobre maratonas e ultramaratonas, mas também sobre literatura, política, cinema....até o limite do meu conhecimento.

FELIZ ANO NOVO A TODOS !!!