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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012



Entrevista ao Papo de Corrida - ibahia.com


De Roma à Serra Gaúcha 
O desafio de correr 12 maratonas em 2012

Não é novidade correr 12 maratonas em um ano. Alguns maratonistas no Brasil possuem esta marca. Muitos outros espalhados pelo mundo. E nos Estados Unidos uma imensa quantidade faz isto todos os anos. Mas o fato é que foge ao senso comum correr tantas maratonas em um espaço de tempo tão pequeno, estabelecendo em média uma maratona todo mês. 
Ney Cayres, dentista, 55 anos, maratonista desde os anos 80, 68 maratonas realizadas, criou este desafio a ele mesmo no início do ano de 2012. Correu a última agora no mês de dezembro em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha.
A fim de saber mais detalhes sobre esta epopéia, o entrevistamos para este blog.

Como surgiu a Ideia de correr tantas maratonas em apenas um ano?
Nos últimos anos eu venho aumentando gradativamente a quantidade de maratonas por ano. Eu fui  obtendo memória muscular. E também confiança. Principalmente depois de ter corrido a COMRADES, a ultramaratona de 90 km na África do Sul, que é considerada uma das mais difíceis do mundo. Além disso, eu corri 2 maratonas na mesma semana( a de Praga e Bordeaux).  Então, eu necessitava de algo a me desafiar, para poder ir em frente com os meus treinos diários. Foi assim que surgiu a ideia de estabelecer 12 maratonas em 2012, já que meu aniversário este ano seria em uma data marcante, cabalística: 12-12-2012 (risos).

Como você conseguiu conciliar os treinos, as viagens com o trabalho e a vida familiar?

Esta é a parte mais difícil. Algumas vezes pensei em desistir. Principalmente, quando teria que fazer as maratonas fora do Brasil. Eu tinha que montar uma logística muito eficiente para viajar no sistema bate-volta. E o inevitável jet lag cansa muito mais do que a própria maratona. Mas com muito jogo de cintura e disciplina, que são  mesmo inerentes a todo maratonista, consegui com harmonia conciliar tudo isso.

Correndo em média uma maratona por mês, você não se tornou muito lento?

É evidente que a velocidade diminui drasticamente. Mesmo porque de outra maneira a musculatura e o corpo em geral não suportaria tamanho estresse. É de bom alvitre que se corra uma maratona veloz e a seguinte muito lentamente. Isto equilibra fisiologicamente o corpo. No meu caso, eu escolhi apenas uma maratona durante todo o ano para aproximar-me do meu recorde. O fato é que atualmente com a minha idade eu não penso muito em velocidade. Eu penso na longevidade dentro das maratonas. Porque é claro e evidente que aqueles maratonistas que perseguem indefinidamente a velocidade, o máximo, ultrapassar o limiar tolerável, não vão muito longe. Surgem logo lesões inexoravelmente !

Mesmo com toda sua experiência e, como você diz, " memória muscular" não é muita agressão ao corpo tantas maratonas?

Existe uma enorme diferença entre ser maratonista amador e profissional. O profissional sempre corre acima de cem por cento do seu batimento cardíaco. Ou, no melhor, rondando o limiar. Por isso, que há um consenso em correr apenas duas maratonas por ano entre os profissionais(claro, há alguns que se aventuram em fazer mais do que isso). Então, eles precisam de um descanso bem maior a fim de propiciar a regeneração efetiva às células das fibras musculares agredidas. É o que preconiza Tim Noakes em Lore of Running.
No entanto, diferentemente, para os amadores eu penso que quando se corre uma maratona com prazer e num ritmo lento, conversando com o colega ao lado, muito abaixo da hiperventilação, há uma resposta extremamente positiva do corpo e mente. Acredito piamente que este seja o segredo para correr inúmeras maratonas sem lesões e ser longevo. É claro que devo mencionar o fator genético, a preponderância da quantidade de fibras longas e lentas(no caso dos maratonistas). Enfim, para mim, o maratonista amador deve amar o que faz. Sem sofrimento. Cumprir a planilha de treino com prazer. Estabelecer um equilíbrio ente o corpo e a mente. Caso ele queira correr muitas maratonas durante toda a vida.

Do alto de sua experiência, o que aconselha àqueles que vão fazer a sua primeira maratona?

Primeiro, essencialmente, cumprir a planilha de treinos. Ou seja, gastar o tênis, esgarçá-lo com prazer. Segundo, não queimar etapas. Insistir repetidamente nas provas de 10 km. Depois, num segundo estágio, a meia maratona. Repetir algumas meias e daí ir ao gran-finale.

De todas estas suas maratonas de 2012, qual a melhor, qual a pior?

Bem, a que mais me emocionou foi a de Roma. Ela foi disparada a mais bonita. A largada e chegada foram no Coliseo. Não precisaria mencionar mais nada. Mas é que passamos pela Fontana de Trevi, o Vaticano, a Piazza Navona, a Escadaria Espanhola e muitos outros pontos belíssimos. E foi num domingo de sol com as ruas abarrotadas de turistas. 
A pior? Como Voltaire em Cândido, o Otimista, eu tento transformar as dificuldades de uma maratona em coisas boas, na medida do possível. Para mencionar apenas, a de Belo Horizonte foi de extrema dificuldade, com suas ladeiras, o calor, o percurso muito mal escolhido. Uma outra seria a de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. Apenas pela a altimetria, num sobe e desce infindável, compensada em muito pela beleza da região
.
 Finalmente, qual o seu plano para o futuro?

Eu pretendo continuar a  correr maratonas. É o meu hobby, o que gosto muito de fazer. Pretendo, num futuro não muito longínquo,  atingir a marca de 100 maratonas. Também entrar no clube dos 7 continentes. Eu sonho com isso. E, aqui pra nós, são estes sonhos que nos levam a enfrentar esses treinos diários debaixo de sol e chuva. Aconselho a todo corredor, iniciante ou veterano, a estabelecer metas, a sonhar o futuro. Certamente, ao final da vida, numa cadeira de balanço, ele terá histórias fantásticas a contar...

domingo, 6 de maio de 2012



MARATONA DE ROMA






Um espectro ronda a Europa. O espectro da falência econômica. A zona do euro ameaçada. As cartas são dadas por Angela Merkel e Nicolas Sarkozy. Enquanto escrevo este blog veja a notícia que Francois Hollande provavelmente será o novo presidente. Mesmo assim, creio, a Alemanha e a França continuarão a ditar  as regras na União Europeia. Pois a Grécia está em vias de falência total. A Espanha batendo recordes em desemprego, principalmente entre os jovens. Portugal combalido. A Itália, além de ir muito mal,  só recentemente se livrou de Berlusconi. Um dos mais caricatos e piores governantes que a Itália já teve desde a unificação realizada por Garibaldi. Claro, houve o fascista sanguinário lambe-botas de Hitler, o Mussolini. Este já foi eliminado pela História. E teve o seu fim merecido pendurado nas ruas de Roma.

É evidente que a Roma antiga teve imperadores loucos, sanguinários, ditadores, assim como outros respeitáveis, mesmo com ideias imperiais de domínio mundial, como Adriano, Marco Aurélio...e outros tresloucados como Nero, Calígula, Tibério etc.

A Itália está em crise, em profunda austeridade e pressionada por isso. E Roma, claro, segue este preceitos e ordens advindas da comunidade europeia.

Apesar disso, o meu sentimento sobre a Roma contemporânea é outro. Recentemente, há poucos dias, corri a maratona de Roma. E o que vi nas ruas foi um júbilo excepcional da população, na contramão da crise europeia. Eu vi uma maratona bem organizada. eu vi uma multidão de locais e turistas aplaudindo os maratonistas ainda bem cedo de um domingo. E o sentimento que a crise ainda não chegou à maratona, pois ela continua crescendo.

Esta maratona é feita para turistas. A largada e chegada é realizada simbolicamente no Coliseu. (Descrevo proficuamente no meu relato os filmes realizados tendo como pano de fundo e objetivo, o Coliseu). E logo depois da largada vem o Circo Massimo, o que também lembra vários filmes épicos. E daí corremos beirando o rio Tibre, passando por Trastevere, bairro antigo e povoado de restaurantes e vida noturna. Pouco depois entramos no Vaticano, beirando a entrada da praça de São Pedro. Passamos, então, por inúmeros pontos turísticos como Piazza del Poppolo, Piazza Navona, a Escadaria Espanhola, Fontana di Trevi...todos eles settings de vários filmes que, mais uma vez, descrevo no relato.

A chegada é triunfal. Realizamos uma volta no Coliseu e chegamos com o aplauso dos romanos e, majoritariamente, dos turistas. Afinal, Roma é uma cidade aberta aos turistas o ano inteiro.

Eu não posso me alongar mais porque isto aqui é um blog. E me ensinaram que em blog é de bom alvitre que seja bem suncito. A prolixidade é o averso do mundo cibernético. O meu longo relato vai desta maneira para uma caixa juntar-se a outros ainda inéditos.
Uma caixa de Pandora? Talvez. Os leitores bem ou mal irão definir num futuro não muito longíquo....

domingo, 11 de março de 2012

O SILÊNCIO NA MARÉ VAZANTE



O SILÊNCIO NA MARÉ VAZANTE



                                                                                
                                                              "Teu silêncio é de estrela, tão remoto e singelo..."
                                                                                                                   Neruda



                                  Eu sou um ser urbano  darwineanamente contente. Mas confesso que sinto falta do silêncio. Este caos urbano em que vivemos atualmente, e que nos acompanha a todo instante, é estarrecedor. As cidades crescem, inflam-se, expandem-se desordenadamente e aumentam os decibéis sem controle. E assim vamos absorvendo como num passe de mágica todas essas mazelas, sem muito reclamar.   
                                  O barulho está em toda parte na sociedade moderna. No cinema, onde supunha-se que iríamos para assistir a um filme, o que vemos é um pipocar de telefones celulares e pessoas mal-educadas a incomodar o vizinho sem nenhum escrúpulo. Ao restaurante vamos invariavelmente não para restaurar o corpo, mas para fofocar aos berros. E muitas vezes transformando em local de resolução de conflitos profundos, também aos berros.
                                  O barulho das cidades é fato consumado e talvez irreversível. O problema reside na gravidade. A cada dia incorpora-se um novo tipo de barulho. Os clássicos barulhos dos automóveis, das britadeiras, das construções, das indústrias, dos aviões já não incomodam mais.(Claro, seguindo Darwin, a Revolução Industrial deslocou o homem do campo e o adaptou ao conglomerado das cidades.) Quem frequenta academias de ginásticas sabe o quão é nocivo o barulho gerado dentro dela. Som excessivamente alto, inúmeras esteiras zunindo o tempo todo, vários aparelhos funcionando ao mesmo tempo!! Ou seja, novos ambientes barulhentos vão surgindo, a cada dia. E além disso o barulho dos Ipods da vida. Mas este é de domínio individual. Creio que todo ser humano seja livre conscientemente para se autodestruir.  O problema é que percebe-se ultimamente o vazamento deste som de tão alto que se usa. E somos obrigados a ouvir certos tipos de músicas extremamente indesejáveis.
                                 Bem, eu costumo treinar quase todos os dias correndo pelas ruas da cidade. E sinto falta do silêncio. Não ouço o barulho das minhas passadas. Não ouço o barulho da minha respiração quase ofegante. Não ouço o barulho longínquo das batidas do meu coração. E nem mesmo do vento resvalando no meu corpo. Todos vencidos pelo murmúrio infatigável da cidade.
                                   Fugindo disto, em uns poucos dias de folga durante o carnaval ( uma fonte geradora de barulho tão enorme, que é melhor nem comentar) passado, tive o inenarrável prazer, quase um delírio, em correr em total silêncio. Correr comigo mesmo e os murmúrios da natureza.
                                    Logo no primeiro dia bem cedo, saindo do bangalô em que estava hospedado, fui observar a maré. A praia estava totalmente deserta. Não conheço bem a tabela das marés, nem sei calculá-la. Instintivamente, julguei que poderia iniciar a minha corrida. E assim, primeiro com passos lentos e cadenciados, fui correndo contra o vento. Um vento leve e refrescante. Sem esforço algum, aumentava a passada. Ouvia o barulho dos meus pés entrando na água fina do mar e penetrando suavemente na areia, criando marolas na maré vazante que apagavam sistematicamente atrás de mim. Ouvia o barulho dos meus pulmões se inflando e soltando gentilmente o ar, num automatismo magnífico. Ouvia as batidas do meu coração, que produziam um eco quase silencioso e inebriante. Ouvia e sentia as conchas do mar tentando penetrar no meu tênis minimalista sem dor, como uma massagem compulsória.  E assim fui correndo, correndo... correndo sem fadiga até atingir o estágio alpha, quando atingimos o ápice do prazer na corrida. E também quando o córtex cerebral, num reconhecimento febril, inunda nosso corpo de hormônios, eliminando as dores, o desconforto, levando o corpo a um estado de leveza.
                                      Depois de muito tempo, correndo em direção a lugares incalculáveis, atravessando riachos que desaguavam no mar, mangues intransponíveis a depender da maré,  fiz meia volta de chofre e de instinto. Já bem perto do hotel, e agora com uma chuvinha fina que caía e o vento empurrando-me delicadamente de volta, pensei com saudosismo no silêncio. Este silêncio que acostumamos a não tê-lo cotidianamente mais, mas que sem dúvidas é uma grande lacuna no nosso interior. 

                                       O silêncio devia ser o nosso companheiro de sempre. Devíamos tratá-lo bem. E até adorá-lo mesmo, pois introduzido no nosso mundo, significa muito. Muito distante de nossa era Contemporânea, no Renascimento, Da Vinci disse então que "as mais lindas  palavras de amor são ditas num silêncio do olhar". Nada a comentar. Apenas o silêncio.





domingo, 4 de março de 2012

A PRIMEIRA MARATONA DE PARIS E A IMAGINAÇÃO DO SR. HURST

        

A PRIMEIRA MARATONA DE PARIS




                                Nos arredores da port Maillot, entrada charmosa de Paris,  uma multidão de ciclistas e espectadores aguardavam o sinal de largada de Monsieur Giffard, representante do Le Petit Journal e diretor da Primeira Maratona de Paris. Era um domingo de céu azul e quente, 18 de Julho de 1896.
                                 O pequeno pelotão de apenas duzentos maratonistas conversavam animadamente. Bem junto à linha de largada, dois irmãos ingleses amarravam as sapatilhas de couro. Leonard Hurst e Joe atravessaram o Canal da Mancha com grande expectativa de conquistar os parisienses.
                                   E os parisienses pareciam felizes. Era a Paris fin-de-siècle, às vesperas da Exposição Universal. O Barão de Haussmann tinha transformado Paris a pedido de Napoleão. Criou-se os grandes boulevares, as grandes avenidas. A Paris favelizada, de ruelas imundas, escuras e medievais agora pulsava de alegria.
                                     E foi neste ambiente de êxtase que M. Giffard autorizou a largada às 6:00 horas da manhã daquele domingo. Imediatamente os dois irmãos ingleses tomaram a dianteira em direção a Versailles. Seguido bem de perto e descalço o marceneiro Mège, excelente corredor de longa distância de apenas 21 anos. Incentivado a todo instante pelos ciclistas compatriotas, ele se esforçava herculeamente para não perder o contato com os dois ingleses.
                                     Já entrando na estrada real e afastando-se dos arredores de Paris, Mère, após beber a primeira taça de champagne e um pouco de suco de laranja no km 6, aproximou-se ameaçadoramente de Joe e Len Hurst. E, como na Guerra dos Cem Anos, a luta foi demorada, disputada metro a metro.
                                     Ao passar por St. Germain finalmente Joe sucumbe a Mère e Bagré, seguido de perto por Chauvelot. Então, a dobradinha dos irmãos ingleses tinha sido finalizada. Restava agora a liderança incontestável do pedreiro Hurst.
                                      Ao chegar a Croix de Noailles, acompanhado de centenas de ciclistas, Leonard Hurst bebe mais um pouco de champagne. Sem nenhuma alimentação durante todo o percurso, com o corpo tomado de poeira, os pés cheios de bolhas e a sapatilha de couro em frangalhos, ele atravessa a linha de chegada em Conflans 2h31'30" depois.
                                       Uma pequena multidão de 2.000 espectadores o aplaude. O seu técnico Boone o abraça efusivamente. Os ciclistas fazem um círculo em volta dele e gritam "le roi de Paris !!!".
                                       Assim termina a minha história da primeira maratona de Paris, assim como do herói britânico Leonard Hurst, que continuou ainda vencendo maratonas na virada do século XIX.
                                        

sábado, 25 de fevereiro de 2012

O DIA EM QUE BILL RODGERS ABANDONOU A MARATONA DO RIO - 1982

BILL RODGERS ACABOU NO COPA

Bill Rodgers' running tips

                                     Era o ano de 1982 e eu estava lá. Era a minha terceira maratona, se não me falha a memória. Uma tarde quente e úmida. Um pouco atípica, diria, para o inverno carioca. O sol brilhava forte ainda quando o momento da largada se aproximava. Os seis mil maratonistas - aproximadamente - aglomeravam-se no Leme com grande expectativa. Afinal, a tarde prometia ser histórica com a presença da grande estrela da época, Bill Rodgers ( 0 vencedor da edição  anterior) e a estrela em ascensão, o português Delfim Moreira.

                                   Bill Rodgers é uma lenda das maratonas. Vencedor da Maratona de Boston e Nova York por quatro vezes cada uma, venceu várias outras ao redor do mundo, como a Maratona de Melbourne, Amsterdam, Houston, Rio de Janeiro....

                                    Mas naquele domingo de agosto de 1982, não respeitando o calor sub-saariano, larga extremamente forte. E na sua perseguição, mais comedido, vem o excelente corredor Delfim Moreira, repetindo a estratégia do ano anterior.
                                     Quando de volta a Copacabana, depois de ter corrido pela Urca, Aterro e centro da cidade, Bill Rodgers já vencido pelo cansaço e o calor,  ultrapassado por Delfim, em frente ao Copacabana Palace , saiu da maratona e foi direto ao chuveiro(ou provavelmente banheira).
                                     Em entrevista ele lamentou profundamente ter desistido de uma maratona "aqui no Rio pela primeira vez".  A verdade é que ele comentou com José Inácio Werneck,  editor de esportes do JB e diretor da Maratona Atlântica-Boa Vista, que muitos km antes só pensava em voltar ao Copa para uma banheira de água gelada. Era o comentário frequente do dia seguinte, ofuscando injustamente a grande vitória do atleta português.





                                        Muitos anos depois, em 2009 quando corri a Maratona de Boston, senti uma grande emoção ao reconhecer Bill Rodgers. Veio-me as lembranças daquela maratona do Rio. Corri com prazer algumas centenas de metros ao lado dele. Por alguns minutos tive a esperança de que ele levantasse o olhar e pudéssemos iniciar um breve diálogo. Mas ele continuou com suas passadas elegantes, silencioso, concentrado, impertubável, como um rei que nunca perde a sua majestade. Assim, voltei ao meu pace normal e o vi desaparecer na multidão.
                                       Eu soube no dia seguinte através dos jornais de Boston que ele terminou em 4:06:26, depois de passar por uma cirurgia de câncer na próstata e um longo período sem correr maratonas.



                                 Correr maratonas então é isso. Fazer parte da história. Partilhar o mesmo terreno, os mesmos percursos, as mesmas alegrias e glórias, os mesmos sofrimentos, lado a lado, dos seus ídolos. E não ser apenas um reles espectador....

sábado, 11 de fevereiro de 2012

DIÁRIO DO CORREDOR

                                            DIÁRIO DO CORREDOR




   

                                                   

                                                           "O espírito humano, como o heliotrópio, olha sempre de face um sol que o atrai, e para o qual ele caminha sem cessar: é a perfectibilidade !!


                                                     A busca em minha blibioteca foi inesperadamente breve. Em pouco tempo já o estava relendo. Este livro ," Diário do Corredor" de Ayrton Ferreira (engenheiro civil, maratonista, nascido em 1936), surgiu nos anos 80, ainda nos primórdios da explosão da quantidade de maratonas, era sempre comentado nas rodinhas de conversas sobre maratonas.
                                                   Em verdade, talvez seja um dos primeiros livros - senão o primeiro - que li sobre corridas e corredores. Um livro de escrita fácil e simples, desprovido de sofisticaçoes em informações técnicas. Quase um manual. À época, extremamente útil, tanto ao corredor iniciante como o veterano. Isto porque traz também planilhas e informaçoes sobre as maratonas de Boston, Nova York etc.
                                                    Claro, neste trinta anos houve uma evolução exponencial sem precedentes no modo de treinamento, principalmente aquele preconizado pelos técnicos. No entanto, várias informações permanecem ainda atualíssimas.
                                                     Acrescenta-se também que há vários capítulos que abrangem desde dicas sobre o vestuário, alimentação, calçados, assim como um capítulo especial sobre a Maratona Atlântica Boavista, 1980, no Rio de Janeiro. Memorável para aqueles já corriam maratonas naquele tempo.
                                                    O valor sentimental deste livro, pelo menos para mim, é enorme. Foi lançado em uma época na qual eu era um maratonista neófito e cheio de sonhos em um dia correr as melhoras maratonas do mundo. E assim buscava avidamente as informações disponíveis em livros, revistas e jornais. De fato, ser maratonista era  então mais um estado de espírito do que a aparência egocêntrica de um ser especial.
                                                   
                                                 Ao terminar de relê-lo, ponho-me a relembrar as minhas primeiras maratonas com nastalgia. É para isso que servem os livros: contar uma história de vida. Com ou sem perfeição, não importa.

              DIÁRIO DO CORREDOR (Bireau Gráfica e Editora, 1980, 196 pags., esgotado)

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A FÉ EM CARRUAGENS DE FOGO



CARRUAGENS DE FOGO

                                                                  
                                                   
                                      http://www.youtube.com/watch?v=L-7Vu7cqB20

                         Ouvi pela primeira vez a trilha sonora deste filme ganhador de quatro Oscars ( e vários outros prêmios mundo afora) na Maratona do Rio em 1982. Foi uma emoção indescritível...  Minutos antes da largada, o sistema de som disparou a música tema composta pelo grego Vangelis. Houve um silêncio profundo. Em seguida, a ovação ensurdecedora com o tiro de largada !!
                            
                          E a partir daquele ano, creio eu, a música tema de Carruagens de Fogo tornou-se o Hino dos maratonistas.

                         Primordialmente, Carruagens de Fogo conta a história de dois atletas britânicos em preparação para a Olímpiada de 1924 em Paris. Eric Liddell (o cristão) e  Harold Abrahams ( o judeu). E eles treinam e competem--se ferozmente em Cambridge, Inglaterra. Correm para vencer o preconceito contra o antissemitismo, a liberdade de expressão religiosa.
                          E o filme de Hugh Hudson (O Expresso da Meia Noite, A Missão etc) enfoca a competição na corrida como uma forma de libertação da perseguição religiosa na Inglaterra. Então, estes dois atletas competem para, na realidade, estabelecer a sua fé e da mesma forma concretizar o seu caráter. É um ato de confirmação.
                          Afinal, o que resta nos corações e mentes é a luta.. Chegar em primeiro, segundo ou último lugar é apenas uma consequência. O filme é belo por isso. Trinta anos depois ainda me emociona. E não se esqueçam que a história se passou há quase noventa anos. Ou seja, o ser humano de bom caráter está sempre em busca de sua dignidade através do tempo.

                                      




domingo, 29 de janeiro de 2012

A PRIMEIRA MARATONA

A PRIMEIRA  MARATONA


       O dia finalmente chegou !! E a noite toda fora passada em vigília. A ansiedade extrema provoca um derrame catastrófico de adrenalina no corpo. Os detalhes mínimos do kit, como chip, alimentação, meias, vaselina, revisados várias vezes nos momentos pré-maratona. E o tempo que passa rápido. E o medo...o medo de não chegar ao final da maratona martela insistentemente a mente. "Mas não tem problema, posso voltar andando, de táxi...qualquer coisa"-é o pensamento reconfortante.

                             E surgem os pensamentos em flashback de como tudo começou.

       Já vinha pensando em fazer uma maratona há algum tempo. Primeiro, correu uma corridinha de 5km e terminou fácil, fácil e feliz. E contente por ter perdido alguns kilos. No mesmo dia, já pensou e perguntou aos colegas e técnico de quando seria a próxima de 10 km.
       Treinou, treinou e pouco tempo depois já estava na linha de largada.  Agora, um pouco mais ansioso/a. Novamente, terminou fácil, fácil e muito feliz, pois a mudança no corpo já se manifestava a olho nu. E olhares de admiração de colegas."Ah, você melhorou muito".
        Com a autoestima nas nuvens, agora quer alçar voos mais altos, muito mais altos...E pensa alegre e insistentemente na meia-maratona. Um sonho. E implora que o técnico passe urgentemente o novo treino. Ou pergunta a colegas os detalhes do treino.
         Ouve dizer que a meia-maratona não é tão fácil assim .Aí surge a construção do medo. O medo de não terminar a prova. Mas você treina com mais com afinco. Faz os longos, vai até o km 18, que antes pensava ser uma quimera. 
E agora bem mais magro/a, não ouve mais elogios rasgados. Segue o seu sonho estoicamente mesmo assim. Sente-se protagonista.

         Ouve dizer que qualitativamente a meia-maratona tem o mesmo valor da maratona.( Descobre que é verdade justamente agora na primeira maratona: as mesmas emoções, a ansiedade e o medo..o medo). Então, parte para a meia-maratona com cautela.
          Novamente, está alí no meio dos corredores da meia esfregando as mãos. Os dardos são jogados ! E você vai em frente, sem parcimônia. Chega à linha de chegada extasiado/a, cansado/a e imensamente feliz. Ouve cumprimentos emocionados. Chora por dentro ou por fora, não importa.
          O day after agora é de dúvida. Por alguns dias a dúvida se torna atroz (será que sou capaz de uma maratona?). Depois, lentamente a dúvida vai se esvaindo. Pensa altivamente em fazer uma maratona portanto. Em ser maratonista, entrar no rol.
           E inicia os treinos. Faz os treinos diários, sofre, sente dores, emagrace muito.  Cumpre toda a planilha.
         O dia finalmente chegou!! Você é maratonista !! Mostra aos céus a medalha, as fotos, o resultado final.
          A próxima já está marcada no calendário.
           

         .
                     ooo  O  


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

UM CORPO QUE CAI



UM CORPO QUE CAI....


                 .....e imerge num inexorável processo de decadência, Ele começa a perder o viço, a força muscular, a agilidade a cada ano, depois dos trinta, em pelo menos um por cento. É fato balzaquiano. À Hebe, deusa da juventude, implora-se insistentemente nas academias, nas clinicas de rejuvenescimento, nas salas de cirurgia, mas ele continua assim mesmo o seu caminho natural e  infatigável em direção à degeneração.
                      Mas há como mitigar isto, afinal.
               Para isso, o nosso corpo precisa ser bem tratado desde a tenra idade. E continuar ao longo de toda existência. O lema mens sana in corpore sano aqui se emprega muito bem. É preciso um conjunto de atitudes saudáveis ao longo da vida. A boa alimentação coordenada com  exercícios físicos diários. Menos egoismo e mais solidariedade. E saber manipular e conter a inveja. Reduzir o estresse o quanto for possível !!. O corpo vai agradecer e viajará de certa maneira mais suavemente ao desfecho final.

              O espelho da vida nos mostra isto: envelhecer é um sentimento abstrato poderoso; certamente estamos sempre envolvidos com o medo e o regozijo  do envelhecer concomitantemente. O tempo está sempre ali pari passu determinando o esfacelamento do espelho.


                      Mas vamos falar das  consequências de ser maratonista, dos danos causados ao corpo humano. Há o conceito quase generalizado que correr envelhece precocemente. É uma mea verdade. Claro, se levar-se em conta um corpo de um atleta de elite, qualquer que seja o esporte, submetido a uma carga avassaladora de treinos, o desgaste do corpo também acompanhará este esforço. O radicais livres também se multiplicarão, não dando chance ao corpo a uma recuperação adequada. O envelhecimento precoce.
                     Quem corre com amor (amador) pela corrida, e não como um fator de sobrevivência, sem essa competitividade insana com os colegas, sente que um bem-estar do corpo é inigualável. Tudo fica mais fácil. Os movimentos, o vício dos hormônios naturais, estimulantes...eufóricos, a leveza, tudo leva a afirmar que o corpo envelhece bem, naturalmente, lentamente.
                      Vamos envelhecer sem olhar para a decadência. Vamos aproveitar o tempo a todo instante. Há tempo para treinar, trabalhar, ler e divertir. Vamos cuidar do nosso corpo e ele nunca nos trairá, acredito. Vamos, finalmente, esquecer o "meu tempo é curto e o tempo dela sobra".
                       Para um corpo ágil, são e sem fadiga, a mente ordena o tempo...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DUSTIN HOFFMAN, o maratonista

                                                                                                                                                
Domingo,  8 de Janeiro 2012                                                                                                                                                                                                     


                        DUSTIN HOFFMAN, O MARATONISTA.




 

                              

 O filme inicia-se com várias histórias ao mesmo tempo. Mas aos poucos elas vão se encaixando. Há a corrida de Babe, o maratonista, em volta do Reservoir no Central Park, o grande lago (me lembra com saudades os treinos que fazia ali nos dois anos em que vivi em Nova YORK). Há a discussão dos dois velhos no trânsito caótico de Manhattan, a explosão do carro-tanque...    






 Mas a trama principal gira em torno de Babe - Dustin Hoffman -, um estudante de pós-graduação tentando provar a inocência do pai. Ao mesmo tempo descobre o envolvimento do irmão em roubos de diamantes. Falso ou verdadeiro, ele acaba sendo perseguido pelo nazista, dentista e torturador Christian Schzell -interpretado pelo fenomenal ator shakespeariano Laurence Olivier -. A sessão de tortura na cadeira de dentista é antológica. Olivier repete várias vezes a frase "is it safe?" num decrescendum aterrorizante. E Babe, o maratonista, parece suportar a dor com maestria. Ou, talvez, porque não há muito a revelar.









 Babe é um maratonista. E todo maratonista tem um limiar de dor diferenciado, dizem. A convivência diária com os treinos longos, estafantes, doloridos estimulam de certa maneira uma insensibilidade relativa à dor. É claro que o limiar de dor varia muito com relação à idade, fatores emocionais, raça, sexo etc. No entanto, os maratonistas aprendem a manipular e, às vezes, eliminá-la. Evidente que através de um processo de secreção hormonal proporcionado pelo cérebro defronte do estimulo, do perigo. Is it safe? - pergunta insistentemente Laurence Olivier. Perigoso, talvez - diz alarmado Babe, o maratonista.





 Postado por neycayres às 06:27 0
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

LER PARA CORRER

                                                       

                                                   





Livros sobre corrida e corredores surgem aos borbotões nos últimos tempos, acompanhando a explosão de provas e, consequentemente, o número de corredores. A maioria tem o seu valor. Alguns, porém, carecem do mínimo para serem levados a serio.

Dentre os bons livros, há os técnicos que são na maioria das vezes de grande valia para os corredores que necessitam de orientações nas mais diversas fases do treinamento; assim como são úteis também aos técnicos de corrida. Muitas vezes servindo como reciclagem num mundo constantemente carregado de inovações.

Assim, separei esses livros abaixo para tecer alguns comentários simples e, talvez, úteis ao corredor-leitor que porventura acesse este blog.





Neste livro (Nascido para Correr, editora Globo, 2010) o jornalista da revista Men's Health Christopher McDouglas relata sua experiência de corredor descalço ao abandonar o tênis tradicional. Ao mesmo tempo, ele vai em busca nas montanhas do México dos índios Tarahumaras, conhecidos como os grandes corredores descalços de longuíssima distância.

À medida que o autor vai descrevendo histórias fantásticas, quase inverossímeis, mescla com conceitos de biomecânica do corredor, dos engodos criados pelos grandes fabricantes de tênis, da inutilidade de se usar tênis com amortecedores altos. E da ausência de lesões ao passar a correr descalço.

Enfim, um bom livro para se ler. Eu, particularmente como corredor de longa distância e longuíssimo tempo no - diria assim - mercado, tenho algumas restrições em correr totalmente descalço. Mesmo porque sempre corri de tênis toda a minha vida. Tenho um histórico baixíssimo de lesões. E acho que tomaria-me muito tempo para novas adaptações. No entanto, considero também que é inócuo o uso de tênis sofisticado e pleno de inovações tecnológicas para se tornar um bom corredor.









A "Bíblia" dos corredores!! É assim pelo menos que vejo este livro. É um livro tanto para iniciantes como para aqueles já "cansado velho de guerra". Repleto de teorias cientificas em suas 900 páginas - algumas evidentemente já ultrapassadas - proporciona um escopo de conhecimento vastíssimo. Ou seja, se o leitor for um maratonista, por exemplo, ele obterá conhecimentos da fisiologia do movimento, das reações do corpo ocasionadas pelo excessivo desgaste infligido por uma maratona.

Um bom técnico, um bom ultramaratonista, um velocista...deverá carregá-lo dentro da sacola.





Bem antes deste livro (Do que eu falo quando eu falo de corrida, editora Objetiva, 2010) ser lançado, eu já era leitor e admirador de Murakami. E eis que surge esse belíssimo livro falando de corridas, maratonas e afins. Murakami conta a sua vida de maratonista. E como ser maratonista o levou a uma necessária disciplina inerente a todo escritor de grande produção - e grande qualidade, como é o caso dele -. Vale a pena conhecer o outro lado da vida deste grande escritor e maratonista japonês. Na orelha do livro há uma citação do Sports Illustrated que dimensiona bem o valor deste livro: " uma brilhante reflexão sobre como a corrida e a escrita nutrem e ajudam uma à outra".





Embora o autor deste livro (Correr, Jean Echenoz, editora Alfaguaya, 2009) declare não ser uma biografia, a vida de Emil Zatopek, a locomotiva humana, é relatada de maneira eletrizante, cativante como num romance que lemos sem parar. A vida de Emil Zatopek foi tão fantástica que parece mesmo ficção.

Assombrou o mundo dos esportes em 1952 nas Olimpíadas de Helsinque, ganhando três medalhas de ouro nos 5000 metros, 10000 metros e na maratona.

Claro, ele obteve êxito em inúmeras outras provas. Foi reverenciado no mundo inteiro. Mas em contrapartida foi de certa maneira alijado em seu próprio pais, Checoslováquia, quando da Primavera de Praga.

A verdade é que atletas magníficos como Zatopek jamais serão esquecidos, queiram ou não partidos políticos ou regimes dita






Correr cinqüenta maratonas em cinqüenta dias seguidos. Bem, mesmo os maratonistas mais antigos que já ouviram muitas histórias, ficariam estupefatos com tanta insanidade. O que eu não considero tão insano assim. Mas é o que realizou e conta com detalhes neste livro Dean Karnazes.

É um livro motivacional também, pois Dean Karnazes bate nesta tecla o tempo inteiro, mostrando aos jovens, aos adultos a importância de exercícios físicos. Principalmente nos EUA, um país hoje envolvido numa epidemia de obesidade.

Depois que este livro foi transformado em DVD, sempre o assisto quando pretendo fazer um treino longo em esteira.

É uma história marcante contada por este tipo herói que traça indelevelmente o mundo dos corredores de longa distância.



Relato de maratonas é sempre adorável. Mas Rodolfo Lucena vai além disso. Ele dá dicas importantes de várias maratonas em que correu com maestria e prazer, sem se preocupar muito com o cronômetro, o que eu estimo muito.

Além de ser jornalista da Folha de S. Paulo, Lucena ainda mantém um blog com informações atualizadas -que sigo infalivelmente - sobre o mundo da corrida. Também escreve na O2 (ou na Runner's World?) e, last but not least, treina muito. É que já ia esquecendo: para escrever sobre maratonas e correr também é preciso treinar...

E ele encontra tempo para tudo isso.





Nota - o intuito destas breves descrições dos livros acima foi senão mostrar a existência deles àqueles que não os conheciam.



domingo, 1 de janeiro de 2012

REFLEXÕES SOBRE OS TREINOS DE 2012



Todo início de ano milhões de pessoas no planeta pensam em modificar de vida. Muitas pensam em dar um giro de 360 graus em suas vidas monótonas, chatas, estafantes. Outras apenas um suave movimento em direção a algo um pouco diferente.
Após alguns dias de descanso (dizem que descanso também é treino), e alguns quilos a mais, volto a pensar em meu treino para 2012. Algumas modificações já estão bem estabelecidas, depois de avaliações contundentes sobre, por exemplo, a maneira de fazer os treinos de velocidades. E também os de resistências.
Pretendo voltar ao fartlek. É um treino de velocidade eficiente, menos cansativo, mais prazeroso e menos propenso a lesões. Para quem não sabe, é um intervalado dentro de um treino de rua (geralmente) com 3 minutos de freqüência máxima e 2 minutos bem mais lento, confortavelmente. Faz-se isto até atingir os Km programados. Claro, há adaptações individuais.
Pretendo também incorporar ao menos três vezes por semana o treino de ladeiras. Eu sempre achei essencial este tipo treino. Invariavelmente nos dá uma certa confiança e estabilidade ao enfrentarmos maratonas com variações de altitudes.
Pretendo, neste ano que se inicia, igualmente programar maratonas menos urbanas. Ou seja, no que for possível, maratonas em trilhas, mais bucólicas, próximas à natureza.
São mudanças simples, mas que me enchem os olhos de esperança em continuar para sempre a correr maratonas e atingir no futuro a minha centésima maratona.

P.S. - este blog que, finalmente ! inicio hoje, tentarei escrever modestamente não apenas sobre maratonas e ultramaratonas, mas também sobre literatura, política, cinema....até o limite do meu conhecimento.

FELIZ ANO NOVO A TODOS !!!